No mesmo ano brancos estudavam em média 6,9 anos e negros apenas 4,7 anos. Em 2002, somente 28,2% dos jovens negros de 15 a 17 anos frequentavam o Ensino Médio, a taxa entre o brancos era de 52,4%, duas vezes maior. Quanto ao Ensino Superior a desigualdade era ainda maior, em 2002, 15,5% do jovens brancos de 18 a 24 anos tinham acesso a universidade, entre os jovens negros da mesma faixa etária a taxa era quatro vezes menor, apenas 3,8% (IPEA, 2004).
Esta pesquisa está inserida no âmbito dos estudos sobre diversidade sexual nas organizações, delimitada na temática do humor homofóbico. Buscou-se analisar se o humor homofóbico está presente no ambiente de trabalho e de que forma. Orientado por uma perspectiva interpretativista, o artigo se fundamenta em estudos sobre a discriminação por homofobia e humor, assim como sobre a heteronormatividade nas organizações.
Para cumprir seu objetivo foi realizada análise de conteúdo de entrevistas efetuadas com funcionários homossexuais, bissexuais e heterossexuais de uma empresa. Constatou-se a presença do humor homofóbico frequente; do humor homofóbico naturalizado; das piadas homofóbicas como discursos para manter a heteronormatividade. Percebe-se um cenário no qual carece de ações que promovam a diversidade, especialmente no que tange à questão do humor, bem como da falta do entendimento por parte de trabalhadores de que piadas de humor homofóbico estão ligadas à opressão. Este artigo contribui no aprofundamento dos estudos nacionais sobre humor homofóbico, assim como ao relacionar este tipo de discriminação ao tema da heteronormatividade no contexto organizacional por meio dos conceitos da teoria queer.
Como vimos anteriormente, Freud era possuidor de um senso de humor mordaz e irreprimível, além de ser grande admirador da faceta subversiva e desafiadora das piadas. Diante disso, daremos ênfase às piadas tendenciosas hostis, que teriam por finalidade a expressão da agressividade. Quando falamos em racismo recreativo, o primeiro passo para combatê-lo é deixar de rir de falas e piadas que diminuem as pessoas, compreendendo que o humor pode ser feito sem causar danos.
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O limite que separa a piada engraçada da ofensa reside em fatores subjetivos, mas quase sempre terminam no princípio da razoabilidade, nome jurídico atribuído ao bom senso. Evidentemente, que a carga de subjetividade exigirá sempre a análise do caso concreto, suas circunstâncias e fatores objetivos capazes de indicar se o intuito foi o de ofender ou se tratou-se de conteúdo de gosto duvidoso. Mas o humor depreciativo, além de reforçar normas sobre grupos diferentes, pode causar preconceito a respeito deles? Andrés Mendiburo-Seguel e Thomas Ford, em seu estudo considerando o tratamento de gays no Chile, concluíram que sim. Já Jacob Burmeister e Robert Carels, que consideraram o impacto de piadas sobre a obesidade em como os participantes do estudo tratam gordos, concluíram que não.
3 Piadas homofóbicas para manter a heteronormatividade
Consideramos 12 pessoas o ponto de saturação, já que os relatos de piadas homofóbicas começaram a se repetir nos últimos entrevistados, assim como exemplos de tal humor. Tais entrevistados foram escolhidos independente da orientação sexual. A não delimitação por uma orientação sexual específica ocorreu, também, por levar em conta relatos dos(as) funcionários(as) sobre suas observações de seu ambiente de trabalho - de onde pode emergir comentários homofóbicos ou heteronormativos com outras pessoas como colegas de trabalho ou trabalhadores do mesmo setor.
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Como dito, o racismo está enraizado na sociedade e, por esse motivo, é essencial ter cuidado para que falas e comportamentos não o reforcem. O constrangimento no ambiente de trabalho abrange qualquer comportamento realizado por um gerente, superior hierárquico ou colega de trabalho, que resulte em danos para alguém devido a uma situação humilhante, vexatória e constrangedora. Pensando nisso, convidamos o advogado trabalhista e colunista do Portal Contábeis, Gabriel Ávila, para falar mais sobre esse assunto que, por vezes, gera dúvida aos colaboradores. Para que essa relação seja ainda mais saudável, uma dose de humor também faz parte da rotina. Como a tese acima está afirmando ao menos dois processos causais no mundo, quem a defende precisa apresentar evidências para ambos.
Já na piada contada pelo entrevistado 9- “Porque preto é igual a papel higiênico? – Porque quando não está no rolo, tá na merda”, a palavra rolo denota confusões que envolvem negócios ilícitos. Em todos os casos, a piada e o humor negro são utilizados como forma de associar a figura do negro a de criminoso, de ladrão. Este fato corrobora com os estudos de Freitas (2007) onde elementos alegóricos do humor são utilizados como forma de perpetuação do racismo e propagação minuciosa dessa ideologia. A autora ressalta que a associação entre o negro e o crime é incitado pela mídia que corriqueiramente trata o negro como problema social apresentando este relacionado ao crime, às drogas e a marginalidade.
Por esta razão, este estudo visa investigar o modo como o discurso racista se (re)produz nas piadas, adivinhações e peças humorísticas que circulam na Universidade, tomando o negro como tema. Lia Segre, do coletivo de mulheres da ECA, diz que a piada de Rafinha Bastos piadas curtas foi agressiva e violenta. “Ao falar que alguém será comido, você está a priori desrespeitando a pessoa, sendo agressivo e violento para com ela”. Na opinião dela, a situação é mais grave pois Wanessa não foi a primeira mulher a quem se dirigiu estes termos.